Raul Seixas e Suas Polêmicas Reais: Curiosidades que Você Talvez Não Saiba

Entre prisões, ocultismo e mentiras assumidas: a vida intensa e controversa do pai do rock brasileiro

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Redação - SOM DE FITA

6/26/2025

Raul Seixas não foi apenas um músico genial. Ele foi um provocador nato, um inconformado, um ícone que usou a música como ferramenta de resistência e provocação. Sua trajetória é recheada de polêmicas — e o mais impressionante é que muitas delas são totalmente reais e documentadas.

A seguir, listamos curiosidades polêmicas verídicas sobre a vida de Raul Seixas que ajudam a entender por que ele se tornou um dos artistas mais cultuados e complexos da música brasileira.

Ocultismo e Sociedade Alternativa: uma aliança com Aleister Crowley

Durante os anos 70, Raul Seixas e Paulo Coelho se aproximaram dos ensinamentos do mago britânico Aleister Crowley, considerado um dos ocultistas mais influentes do século XX. Inspirados pelo livro O Livro da Lei, de Crowley, eles criaram a Sociedade Alternativa, um movimento filosófico que pregava a liberdade total do indivíduo. O lema era claro e provocador: “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”. A iniciativa incomodou o regime militar, que via nisso um ato de rebeldia e incitação à desobediência civil.

Raul foi preso e torturado pela ditadura militar

Em 1974, a repressão bateu na porta de Raul. Ele e Paulo Coelho foram presos pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), acusados de atividades subversivas. Os dois relataram terem sofrido ameaças e tortura psicológica. A prisão ocorreu por causa de letras que falavam de liberdade, anarquia e misticismo — temas malvistos pela censura da época. Após o episódio, Raul se exilou por um tempo nos Estados Unidos, abalado com a violência sofrida e com medo de novas represálias.

Gravadora sugeriu plásticas para mudar sua aparência

Quando Raul Seixas começou sua carreira solo, nos anos 70, sua aparência "fora dos padrões" virou tema de debate dentro da indústria fonográfica. Executivos da gravadora Philips sugeriram que ele fizesse plásticas nos dentes e no rosto para se tornar mais “comercial”. A resposta de Raul foi uma negativa bem-humorada e irônica, como era de se esperar. Para ele, a autenticidade era mais importante que a estética. E essa decisão se tornou parte da sua imagem de artista autêntico e antissistema.

Gravou músicas em inglês sem falar o idioma

Ainda no início de sua carreira, Raul tentou seguir o caminho do rock internacional. Com a banda The Pop’s, e depois com Raulzito e os Panteras, gravou canções em inglês mesmo sem dominar o idioma. Algumas gravações mostram Raul cantando com forte sotaque e pronúncia improvisada, imitando os Beatles, de quem era fã assumido. Apesar disso, essas faixas demonstravam seu talento vocal e sua capacidade de adaptação — e hoje são curiosidades históricas para os fãs.

Raul inventava histórias em entrevistas — e avisava que estava mentindo

Um dos traços mais marcantes de Raul era sua personalidade imprevisível. Em entrevistas, ele costumava inventar fatos absurdos sobre sua vida — como que lia Nietzsche aos 8 anos ou que tinha sido abduzido — apenas para confundir jornalistas ou para satirizar o sistema da mídia. O mais curioso é que ele deixava claro que estava mentindo. Dizia que gostava de embaralhar a realidade com ficção como forma de provocar reflexões. Isso fazia parte de sua figura pública performática.

Descuidou da saúde e ignorou o tratamento do diabetes

Raul foi diagnosticado com diabetes nos anos 80, mas se recusava a seguir à risca o tratamento médico. Continuava bebendo álcool e usando remédios de forma desregulada, mesmo com alertas graves dos médicos. Seu comportamento autodestrutivo, combinado com uma rotina de trabalho intensa e pouco apoio, levou ao agravamento do seu estado de saúde. Em agosto de 1989, ele foi encontrado morto em casa, vítima de parada cardíaca. Tinha apenas 44 anos.

Chegou a dormir na rodoviária e em bancos de praça

Mesmo sendo famoso, Raul Seixas enfrentou momentos de abandono e extrema vulnerabilidade. Durante a década de 80, com a saúde debilitada e afastado da grande mídia, ele passou por dificuldades financeiras sérias. Há registros confiáveis de que ele foi visto dormindo em rodoviárias e bancos de praças no Rio de Janeiro. Amigos próximos relataram que Raul vivia em pensões baratas e às vezes não tinha onde ficar. Uma realidade triste e contrastante com o sucesso de outrora.

Foi enterrado sem alarde e com pouca cobertura da mídia

A morte de Raul Seixas, em 21 de agosto de 1989, foi praticamente ignorada pela grande imprensa no dia do enterro. O sepultamento ocorreu em Salvador, sua cidade natal, com poucos fãs e familiares presentes. A cobertura jornalística só ganhou força dias depois, quando o impacto de sua perda começou a ser sentido entre os admiradores. Muitos consideram esse silêncio da mídia como mais uma prova do descaso com artistas que fogem dos padrões e vivem à margem da indústria.

Raul: uma lenda que vive além do mito

Raul Seixas desafiou regras, rompeu barreiras e viveu intensamente, mesmo que isso o tenha levado a um fim trágico. Sua obra, no entanto, continua viva e pulsante. Ele não quis ser modelo de comportamento, mas sim um espelho das contradições humanas. E talvez por isso nunca deixará de ser lembrado.

Como ele mesmo cantou: "Eu devia estar contente porque tenho um emprego / Sou um dito cidadão respeitável..." — mas nunca quis ser nada disso.

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